CGTP-IN reforçou nas marchas
o apelo aos trabalhadores

Alternativa cresce<br>com luta

Ao fim de três anos, com a po­lí­tica do Go­verno PSD/​CDS e da troika dos cre­dores, Por­tugal vai de mal a pior, acusou a CGTP-IN. Na noite de 27 de Fe­ve­reiro, mi­lhares de pes­soas re­a­fir­maram nas ruas de Lisboa e Porto a de­ter­mi­nação de pros­se­guir e in­ten­si­ficar a luta para que tal po­lí­tica seja tra­vada e der­ro­tada quanto antes.

A po­lí­tica de di­reita está em con­fronto com a Cons­ti­tuição

 

Com estas mar­chas «contra a ex­plo­ração, as in­jus­tiças e as de­si­gual­dades» – que ti­veram também ex­pressão em Leiria e no Fun­chal, a 27, e em Coimbra, a 28 – a In­ter­sin­dical trouxe a pú­blico um forte con­tra­ponto à pro­pa­ganda que pro­cura vender a imagem de que Por­tugal está me­lhor, para assim jus­ti­ficar o pros­se­gui­mento da mesma po­lí­tica. Os pro­testos, num ho­rário pouco ha­bi­tual, coin­ci­diram com a pre­sença em Por­tugal de re­pre­sen­tantes do FMI, do BCE e da UE, para re­a­li­zarem a 11.ª ava­li­ação do pacto de agressão aos tra­ba­lha­dores e ao País, fir­mado em Maio de 2011 pelo Go­verno do PS e pelo PSD e o CDS.
Em Lisboa, o des­file para junto da re­si­dência ofi­cial do pri­meiro-mi­nistro, com pas­sagem pela As­sem­bleia da Re­pú­blica, partiu em si­mul­tâneo, pouco de­pois das 19 horas, dos mi­nis­té­rios do Tra­balho, da Saúde e da Edu­cação, mar­cando assim os ac­tuais ob­jec­tivos de «uma das mai­ores e mais graves ofen­sivas do grande ca­pital eco­nó­mico e fi­nan­ceiro, sem pre­ce­dentes de­pois da re­vo­lução de Abril», como o ac­tual mo­mento é re­fe­rido na re­so­lução apro­vada em São Bento:

- o agra­va­mento da ex­plo­ração e a re­dução do acesso à Se­gu­rança So­cial;
- os cortes no fi­nan­ci­a­mento do Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, agra­vando uma si­tu­ação que já era má e im­pondo ainda mais en­cargos aos utentes;
- o de­sin­ves­ti­mento na Edu­cação e na Ci­ência, acen­tuado desde 2010 e apro­fun­dado no Or­ça­mento do Es­tado de 2014.

Um abaixo-as­si­nado com cerca de 20 mil subs­cri­tores, «em de­fesa de uma Edu­cação pú­blica e de qua­li­dade», foi en­tregue pela Fen­prof no Mi­nis­tério da Edu­cação, pouco antes de sair o des­file.
Com ar­chotes, car­tazes, ban­deiras, faixas, apitos e per­sis­tentes pa­la­vras de ordem, os ma­ni­fes­tantes con­fluíram na Praça Duque de Sal­danha e nas Pi­coas. No Marquês de Pombal jun­taram-se à ma­ni­fes­tação cen­tenas de re­for­mados. A jor­nada ter­mi­naria já perto das 22 horas, com a in­ter­venção de Ar­ménio Carlos, Se­cre­tário-geral da CGTP-IN, e a apro­vação de uma re­so­lução, na Rua Borges Car­neiro, de­cla­rando que a po­lí­tica de di­reita, pros­se­guida pelos go­vernos do grande ca­pital, está em con­fronto com a Cons­ti­tuição, põe em causa o de­sen­vol­vi­mento e o pro­gresso do País e atenta contra os di­reitos hu­manos dos por­tu­gueses, mo­tivos por que tem de ser tra­vada e der­ro­tada quanto antes.

Perto do Fórum Pi­coas, a so­li­da­ri­e­dade do PCP foi trans­mi­tida por uma de­le­gação, que in­te­grou João Fer­reira (membro do Co­mité Cen­tral do Par­tido e pri­meiro can­di­dato da CDU às elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu), Ale­xandre Araújo (do Se­cre­ta­riado do CC), Ar­mindo Mi­randa (da Co­missão Po­lí­tica) e Paula Santos (de­pu­tada).
Em de­cla­ra­ções aos jor­na­listas, João Fer­reira des­tacou a adesão à luta como de­mons­tração de que «há um ca­minho al­ter­na­tivo à sub­missão do País, ao em­po­bre­ci­mento, à in­jus­tiça, à de­su­ma­ni­dade». Re­a­firmou que «está nas mãos dos tra­ba­lha­dores e do povo cons­truir esse ca­minho», pois «ele não se fará com este Go­verno e esta po­lí­tica». De­fendeu que «o fu­turo passa por re­cu­perar para o País tudo o que é do País, de­volver aos tra­ba­lha­dores e ao povo tudo o que lhes foi rou­bado, apro­veitar as po­ten­ci­a­li­dades e re­cursos do País e afirmar uma pos­tura so­be­rana, que faça pre­va­lecer o in­te­resse do País, dos tra­ba­lha­dores e do povo sobre quais­quer cons­tran­gi­mentos ou pres­sões ex­ternas».

Vai con­ti­nuar!

Na re­so­lução e na in­ter­venção de Ar­ménio Carlos, foram sau­dadas e va­lo­ri­zadas as inú­meras lutas de tra­ba­lha­dores, nos sec­tores pri­vado, pú­blico e em­pre­sa­rial do Es­tado, e foi lan­çado um apelo ao pros­se­gui­mento e in­ten­si­fi­cação do com­bate, que vai con­ti­nuar «até à de­missão do Go­verno e à con­vo­cação de elei­ções an­te­ci­padas, até à der­rota da po­lí­tica de di­reita e à efec­ti­vação de uma po­lí­tica de es­querda e so­be­rana», como disse o Se­cre­tário-geral da Inter. Junto ao pa­lácio de São Bento, foram lem­bradas al­gumas das pró­ximas etapas:

a «se­mana da igual­dade», que de­corre até sá­bado, 8 de Março, e vá­rias ini­ci­a­tivas a as­si­nalar o Dia In­ter­na­ci­onal da Mu­lher;
a «se­mana na­ci­onal de pro­testo e luta», de 8 a 15 de Março;
o ple­nário na­ci­onal de fer­ro­viá­rios no ac­tivo e re­for­mados, dia 11 de Março, no En­tron­ca­mento, às 10h30, contra os roubos aos tra­ba­lha­dores e o ataque ao ser­viço pú­blico;
a greve, dia 13, na CP, na CP Carga e nas em­presas do Grupo Refer;
a ma­ni­fes­tação na­ci­onal dos tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, a 14 de Março, às 15 horas, em Lisboa, do Prín­cipe Real ao Par­la­mento, pas­sando pelo Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal;
a greve na Va­lorsul, de 17 a 20 de Março, contra a pri­va­ti­zação, contra os cortes sa­la­riais, pelo cum­pri­mento do AE;
o Dia Na­ci­onal da Ju­ven­tude, a 28 de Março, com ma­ni­fes­tação em Lisboa, no Largo do Carmo, às 15 horas;
as co­me­mo­ra­ções po­pu­lares dos 40 anos do 25 de Abril e as co­me­mo­ra­ções do 1.º de Maio.

Esta luta «tem de ser trans­for­mada em voto, no dia 25 de Maio, nas elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu, res­pon­sa­bi­li­zando os que, lá como cá, estão com­pro­me­tidos com a po­lí­tica que in­fer­niza a nossa vida e hi­po­teca o de­sen­vol­vi­mento do País», alertou Ar­ménio Carlos.




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